19 novembro 2005

Para quem tem pouco tempo para ler...(5)

NOVO TESTAMENTO ( 4 versões )

Resumo :
Uma mulher com insónias dá à luz um filho cujo pai é uma pomba, o filho cresce e abandona a carpintaria para formar uma seita de pescadores. Por causa de um bufo, é preso e morre.

FIM

Para quem tem pouco tempo para ler...(4)

William Shakespeare

"HAMLET"

Resumo :
Um príncipe com insónias passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que foi morto pelo tio que dorme com mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada que entretanto se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha morto o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com uma caveira e morre, assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era doida e que se tinha suicidado.
FIM

Para quem tem pouco tempo para ler...(3)

Gustave Flaubert

"MADAME BOVARY" (378 paginas)

Resumo :
Uma dona de casa engana o marido com o padeiro, o leiteiro, o carteiro o homem do talho, o merceeiro e um vizinho cheio de massa. Envenena-se e morre.

FIM

Para quem tem pouco tempo para ler...(2)

Luís de Camões

"LUSIADAS" (várias edições)

Resumo :
Um poeta com insónias decide chatear o Rei e contar-lhe uma história de marinheiros que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa porreiraça), tem o justo prémio numa ilha cheia de gajas boas.

FIM

Para quem tem pouco tempo para ler...(1)

Leon Tolstoi

"GUERRA E PAZ" (1800 paginas)

Resumo :

Um rapaz não quer ir à guerra e por isso Napoleão invade Moscovo. A rapariga casa-se com outro.
FIM

01 novembro 2005

Pequenas descobertas

O HOMEM passou duas vezes, para lá e depois para cá. Mas sem se dar conta que um jornal estava caído no chão a toda a largura do corredor. À ida, o homem ainda conseguiu, sabe-se lá como, não pisar o papel, apesar de transportar um tabuleiro. No regresso, já com as mãos livres, foi em cheio: dois passos, duas pegadas bem nítidas na primeira página.
A situação passa-se num “self-service” onde, segundos antes, o proprietário do jornal não conseguira impedi-lo de escapar suavemente sob o sovaco. Entalara-o ali para poder usar ambas as mãos a encher uma chávena. Ganhou o chá, mas perdeu o jornal. Valeu-lhe alguém que passou, a seguir, e o ergueu do chão, entregando-o ao dono.
Dá que pensar: como é possível passar por cima de um objecto bem visível sem o ver ou, pelo menos, sentir que algo mudou na textura do solo que pisa? A resposta parece óbvia: falta de atenção, pois claro. Ou, se quiserem, uma distracção que é, em boa verdade, da mesma natureza da que leva um transeunte a chocar com outrem no passeio. A passar à frente de uma pessoa idosa na estrada para o autocarro. A fazer barulho numa sala de cinema. Ou a não parar o automóvel na passadeira de peões.
Se houvesse tempo e disponibilidade para suster o ciclo perpétuo das horas ou dos dias na grande cidade, muitos dos seus habitantes poderiam fazer pequenas descobertas, nada de espectacular ou milagroso, mas em todo o caso significativas. (…)

Carlos Pessoa, in Público